sábado, 27 de outubro de 2012

LITERATURA INDÍGENA


     A  literatura  indígena,  por  tratar-se  de  uma  cultura ágrafa,  tem  início na oralidade através do que Antonio Risério denomina “poemúsica”, já  que  os  nativos possuíam  habilidades  orais  ricas  e  variadas. Embora  representado de forma estereotipada na literatura nacional por um  tempo, o índio consegue hoje expressar sua cultura em textos ora traduzidos para o português por antropólogos e pesquisadores, ora professores indígenas bilíngues, ou então por escritores indígenas que migraram para os centros urbanos.

Um  dos  fatores  que  contribuiu  para  a  disseminação do  discurso dessa  minoria  foi  a  oficialização  pelo governo  brasileiro  da  existência das línguas indígenas. Tal política possibilitou a educação bilíngue nas escolas  indígenas  que  até  1988  estavam condicionadas  ao  currículo nacional brasileiro de educação. 

Na  1ª.  geração  do  Romantismo  brasileiro,  o  índio aparece nas  obras  de  José  de  Alencar:  Iracema,  O Guarani  e  Ubirajara.  Já  no Modernismo, Mário de Andrade escreve Macunaíma que reúne em uma única personagem  a  miscigenação  do  índio  com  o  negro. Porém,  são histórias sempre contadas sob a perspectiva de autores brancos.

A vinda de membros das comunidades indígenas para os grandes centros  urbanos  fez  surgir escritores como  Daniel  Munduruku,  Yagurê Yamã,  Kaká  Werá Jacupé  e  Eliana  Potiguara,  entre  outros. Porém, independente do lugar onde vivam, esses escritores falam de si mesmos e  através  de  suas histórias  narram  conhecimentos,  mitos  e rituais transmitidos  de  uma  geração  a  outra  pela oralidade.  Nesse  sentido, pode-se pensar na literatura indígena como uma estética particular que além de apresentar valores culturais, atua como instrumento de luta, de conscientização e de libertação.

Munduruku é autor de livros como História de índio (1996), obra dividida  em  três  partes  que  traz crônicas,  depoimentos,  informações sobre povos indígenas, além de umglossário da língua munduruku; Kabá darebü  (2002),  direcionado  a  crianças  em início de  alfabetização,  trata sobre as possibilidades do conhecer de uma criança nativa criada dentro de sua cultura e O segredo da chuva (2003), uma narrativa que em muito lembra os mitos indígenas, tendo como personagem principal o menino Lua, cuja missão é defender a aldeia e a floresta, contando com a ajuda de um macaco, uma onça e uma capivara.


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