LITERATURA INDÍGENA
A
literatura indígena, por tratar-se de
uma cultura ágrafa, tem início na oralidade
através do que Antonio Risério denomina “poemúsica”, já
que os nativos possuíam habilidades orais
ricas e variadas. Embora representado
de forma estereotipada na literatura nacional por um tempo, o
índio consegue hoje expressar sua cultura em textos ora traduzidos
para o português por antropólogos e pesquisadores, ora
professores indígenas bilíngues, ou então por escritores
indígenas que migraram para os centros urbanos.
Um
dos fatores que contribuiu para a
disseminação do discurso dessa minoria foi
a oficialização pelo governo brasileiro da
existência das línguas indígenas. Tal política
possibilitou a educação bilíngue nas escolas indígenas
que até 1988 estavam condicionadas ao
currículo nacional brasileiro de educação.
Na
1ª. geração do Romantismo brasileiro,
o índio aparece nas obras de José
de Alencar: Iracema, O Guarani e
Ubirajara. Já no Modernismo, Mário de
Andrade escreve Macunaíma que reúne em uma única personagem
a miscigenação do índio com o
negro. Porém, são histórias sempre contadas sob a
perspectiva de autores brancos.
A
vinda de membros das comunidades indígenas para os grandes centros
urbanos fez surgir escritores como Daniel
Munduruku, Yagurê Yamã, Kaká Werá
Jacupé e Eliana Potiguara, entre outros.
Porém, independente do lugar onde vivam, esses escritores falam
de si mesmos e através de suas histórias
narram conhecimentos, mitos e
rituais transmitidos de uma geração a
outra pela oralidade. Nesse sentido, pode-se
pensar na literatura indígena como uma estética particular que além
de apresentar valores culturais, atua como instrumento de luta,
de conscientização e de libertação.
Munduruku
é autor de livros como História de índio (1996), obra dividida
em três partes que traz crônicas,
depoimentos, informações sobre povos indígenas,
além de umglossário da língua munduruku; Kabá darebü
(2002), direcionado a crianças em
início de alfabetização, trata sobre as
possibilidades do conhecer de uma criança nativa criada dentro de
sua cultura e O segredo da chuva (2003), uma narrativa que em
muito lembra os mitos indígenas, tendo como personagem
principal o menino Lua, cuja missão é defender a aldeia e a
floresta, contando com a ajuda de um macaco, uma onça e uma
capivara.
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